O poder da transformação digital e suas tecnologias inovadoras têm sido discutidas incansavelmente em inúmeras publicações todos os dias. Porém uma delas, talvez a mais disruptiva de todas, vem causando mudanças significativas na internet como a conhecemos hoje, a blockchain.
Esta tecnologia, fundamentada sob três pilares: descentralização, transparência e imutabilidade, nada mais é que uma série de registros de dados incorruptíveis gerenciados por grupos de computadores que não pertencem a nenhuma entidade. Cada um destes blocos de dados estão unidos e protegidos contra possíveis mudanças conforme técnicas de criptografia.
Antes de conhecermos a tecnologia blockchain, estávamos acostumados a serviços centralizados em que uma entidade armazenava todos os dados e nós precisávamos interagir apenas com ela para obter informações necessárias.
Este modelo, utilizado sobretudo pelo setor financeiro, foi muito útil durante anos, no entanto, possuía algumas vulnerabilidades, principalmente em relação à segurança e acessibilidade.
Em relação a descentralização de informações, inúmeras entidades são responsáveis pelo seu armazenamento. Em outras palavras, os dados estão nas mãos de todos.
Este é um dos conceitos mais confusos da tecnologia blockchain, já que algumas pessoas a veem como privativa enquanto outras a utilizam por conta da transparência. Isso acontece por conta da criptografia complexa que oculta a identidade de uma pessoa, revelando apenas seu endereço público.
Em outras palavras, é impossível saber quem são as pessoas, pois elas são identificadas por meio de códigos, porém seus endereços públicos ficam à mostra, o que torna possível verificar sempre que transações que são feitas.
Nenhum dado que tenha sido inserido na tecnologia blockchain pode sofrer alterações. E a função hash criptográfica é a razão por trás de tudo.
Em uma explicação simples, hashs são algoritmos matemáticos que transformam sequências de caracteres de quaisquer tamanhos e os compartilha por meio de dados de tamanho fixo. Se um dos blocos sofrer um ciberataque e tiver seus caracteres alterados, por causa das propriedades das funções hash, todos os demais hashs armazenados em outros blocos teriam que ser alterados. Para isso, seria necessário alterar toda a cadeia, ou seja, milhões de blocos. Este é o motivo pelo qual os blockchains alcançaram a imutabilidade.
Segundo a seguradora Sura, “o valor de negócios agregados pelo blockchain chegará a mais de US$ 176 bilhões em 2025 e ultrapassará os US$ 3,1 trilhões até 2030. Já os Contratos Inteligentes serão utilizados em mais de 25% das organizações globais até 2022.”
O fato é que esta tecnologia já deixou de ser tendência e agora é uma realidade. Empregá-la em todos os negócios, principalmente no mercado de seguros e financeiro, pode ser um diferencial contra a concorrência.
Blockchain como tecnologia para seguros
Para que este setor específico continue crescendo ano após ano, é necessário simplificar processos, diminuir o percentual de perda por fraudes e atender às demandas de clientes com experiência digital.
Segundo o relatório da McKinsey & Company, 5 a 10% de todas as solicitações de seguro são fraudulentas, o que torna a segurança dos dados ainda mais crucial para as seguradoras.
O emprego da tecnologia blockchain pode eliminar transações suspeitas e duplicadas registrando cada transação. Por meio de seu repositório digital descentralizado, verifica a autenticidade de clientes, apólices e transações, fornecendo registros históricos e imutáveis.
Além disso, os smart contracts, registros que permitem a codificação de contratos simples que só são executados após condições específicas serem atendidas, possibilitam a leitura de sistemas e informações em tempo real. Eles comprovam data e hora, fornecem a prova de conteúdo e assinaturas com arquivos criptografados.
Em relação ao uso de blockchain na otimização dos sinistros, algumas seguradoras se uniram para criar uma plataforma chamada Product rollout on RiskBlock, que permite aos motoristas e policiais confirmarem a precisão da cobertura de seguro em tempo real sem depender de formulários em papel.
Entre as demais vantagens do uso blockchain no mercado de seguros, ainda temos:
- Otimização de rotinas, que trazem agilidade
- Personalização de serviços e produtos
- Aumento do alcance de seguros para usuário não cobertos pelos produtos oferecidos tradicionalmente
- Redução de custos
- Precisão ao estabelecer tipos de uso nos seguros de automóveis
Um pouco mais sobre smart contracts e o Ethereum
Contratos inteligentes, este talvez seja o uso mais disruptivo de toda tecnologia blockchain. Como já explicado brevemente acima, são contratos escritos por códigos de programação que podem ser executados através de computadores.
Estes contratos funcionam exatamente como os documentos legais impressos, estabelecendo obrigações, benefícios e penalidades. Seu objetivo principal é possibilitar que pessoas façam negócios com desconhecidos digitalmente sem a necessidade de um intermediador.
Existem diversas plataformas para criação de smart contracts, mas uma seguradora francesa renomada utiliza a Ethereum de uma forma muito inovadora. Por meio desta blockchain pública, a companhia AXA oferece compensação automática aos passageiros aéreos no caso de um vôo atrasado.
A Fizzy é uma plataforma automatizada e segura para seguros contra vôos atrasados. Por meio da Ethereum, a seguradora registra a compra do produto de seguro e aciona o pagamento automatizado usando um contrato inteligente na blockchain.
O contrato inteligente também está conectado a bancos de dados de tráfego aéreo global e monitora os dados de voo. Sempre que um voo atrasa mais de duas horas, o segurado recebe automaticamente uma compensação.
Mais usos da tecnologia para seguros
A seguradora Sura já enviava documentos digitalmente com comprovação jurídica por meio da assinatura digital e carimbo do tempo.
A seguradora Sura utilizava assinatura digital e carimbo de tempo para transmitir, digitalmente, documentos. Agora ela usa a tecnologia blockchain para gerar maior valor comprobatório nos documentos e confirmações de entrega, além de dar assinatura legal a eles.
A startup 88 Insurtech já foi criada utilizando a blockchain como ferramenta de negócio. Atualmente, é responsável por oferecer uma plataforma descentralizada e imutável, com pagamento em tempo real de alguns sinistros, customização de produtos e individualização de preços.
Outro exemplo de uso diferenciado do blockchain fica por conta das seguradoras Allianz e Nephila Capital. Elas possuem um projeto de sucesso que utiliza a tecnologia para realizar mudanças em apólices de riscos de desastres naturais.
O investimento em blockchain ainda é novo, porém as possibilidades são infinitas e as vantagens podem garantir a permanência das empresas no mercado de trabalho.
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